Imagina você cavando no quintal de casa e encontrar um pote cheio de prata antiga? Foi mais ou menos isso que aconteceu com uma equipe de arqueólogos na Suécia. Só que em vez de um quintal qualquer, eles estavam escavando numa antiga fazenda perto de Estocolmo.
E o que eles acharam deixou todo mundo de queixo caído.
Um Achado Que Parece Coisa de Filme
Os pesquisadores do Arkeologerna, uma divisão do Museu Nacional da Suécia, não esperavam encontrar tanta coisa numa área que antes era só terra de plantio. Foram 34 construções antigas, um cemitério e nada menos que 1.450 artefatos da Era do Ferro Tardio – que vai mais ou menos do ano 500 até 1050 depois de Cristo.
Mas o que realmente chamou atenção foi um amuleto viking enterrado junto com outros tesouros de prata num pote de cerâmica.
Pensa só: alguém há mais de mil anos atrás enterrou ali suas coisas mais preciosas. Anéis de prata, colares, pulseiras, pérolas e até uma bolsinha feita de linho e seda. E essa bolsa tinha algo muito especial dentro.
Moedas de Meio Mundo Numa Bolsa Só
Sabe aqueles colares de moeda que a gente vê em feiras de artesanato? Os vikings já faziam isso há séculos. Dentro da bolsinha havia um colar com 12 moedas vindas de lugares completamente diferentes: Pérsia, Baviera, Boêmia, Normandia e Inglaterra.
É como se alguém hoje fizesse um colar com moedas do Brasil, Estados Unidos, Japão e Alemanha. Mostra o quanto esses povos viajavam e comercializavam pelo mundo todo.
As moedas foram cunhadas entre os anos 904 e 997 – algumas vindas até de países islâmicos. Imagina a história por trás de cada uma delas? Quantas mãos passaram, quantas viagens fizeram até chegar naquela fazendinha sueca?
Mais Que um Tesouro: Um Ritual Sagrado
O arqueólogo Hamilton, que coordenou a escavação, acredita que esse tesouro não foi enterrado por acaso. Segundo ele, pode ter sido parte de um ritual muito especial para honrar uma mulher importante que havia morrido.
“É provável que o tesouro tenha sido enterrado como conclusão de uma cerimônia longa e grandiosa”, explicou Hamilton.
E tem mais: a fazenda pode ter sido fechada na mesma época. Como se a família tivesse decidido encerrar aquela vida rural e partir para outro lugar, mas antes quisesse deixar ali uma homenagem especial.
Uma coisa que impressionou os pesquisadores foi o estado de conservação da bolsa de tecido. Normalmente, materiais orgânicos como linho se decompõem completamente após tanto tempo. Mas os íons de prata ajudaram a preservar o tecido – um verdadeiro presente da química para a arqueologia.
Dentro da bolsa também tinha pólen de plantas medicinais da época viking. Será que essa mulher era uma espécie de curandeira? Ou simplesmente alguém que cuidava da saúde da família com ervas?
E aqueles detalhes em seda? Hamilton garante que era material caríssimo, provavelmente importado de muito longe. Era como ter hoje uma bolsa de grife italiana – só quem tinha dinheiro podia bancar.
Uma Fazenda Cheia de Mistérios
Não foi só o tesouro que chamou atenção dos arqueólogos. A fazenda inteira contava histórias fascinantes.
Dos 34 prédios encontrados, pelo menos 15 estavam ligados a rituais religiosos. Tinha até um cemitério com cinco sepulturas – três com caixões e duas onde os corpos foram cremados.
Os testes de DNA não foram muito conclusivos, mas deu para perceber que ali foram enterradas pessoas da família e também outras que não tinham parentesco. Uma comunidade bem diversa para os padrões da época.
Entre os achados, tinha também peças de cerâmica que não eram típicas da região. O estilo era mais comum do outro lado do Mar Báltico. Hamilton acredita que foram feitas por alguém que veio de fora e se estabeleceu ali em Täby.
Isso mostra como a região era cosmopolita para os padrões da época. Gente vinda de lugares distantes, trazendo suas tradições, técnicas e histórias.
Mistério Sem Solução
Uma pergunta fica no ar: será que a mesma pessoa que fez a cerâmica “importada” também era dona do tesouro de prata com moedas de meio mundo?
Se for verdade, que vida mais interessante essa pessoa deve ter tido! Imagina as histórias que poderia contar, os lugares que conheceu, as pessoas que encontrou pelo caminho.
Descobertas como essa mostram que o mundo sempre foi mais conectado do que imaginamos. Mil anos atrás, numa fazendinha da Suécia, tinha gente usando moedas da Pérsia, tecidos de seda importados e cerâmica de outras regiões.
Os vikings não eram só aqueles guerreiros barbados dos filmes. Eram também comerciantes, artesãos, viajantes. Pessoas que construíam comunidades, praticavam rituais, cuidavam dos seus mortos com carinho.
E deixaram para trás tesouros que nos ajudam a entender melhor como viviam. Cada amuleto, cada moeda, cada grão de pólen conta um pedacinho dessa história fascinante.
Quem sabe quantas outras surpresas estão enterradas por aí, esperando alguém com uma pá e muita curiosidade para trazê-las de volta à luz?
Fonte: Popular Mechanics